OS VISCONDES

Reflectir o Sporting e a Nação à moda antiga

terça-feira, outubro 31, 2006

Treinador filósofo

Apenas um pequeno apontamento, chamando a atenção para um curioso comentário do nosso treinador. Dizia ele em conferência de imprensa antes do jogo de Munique, que "... como um jogador uma vez disse, tudo o que não nos mata, torna-nos mais fortes. É isso que temos de fazer amanhã, não estamos mortos, ninguém nos matou, seguramente estaremos mais fortes."

Para aqueles que criticam o discurso demasiado simplista e repetitivo de Paulo Bento (a imitação feita por Ricardo Araújo Pereira é brilhante!), uma bofetada de luva branca: é aceite que o autor de «o que não me mata, deixa-me mais forte» é Friedrich Wilhelm Nietzsche, filósofo alemão do século XIX.

E esta, hem?

Só a vitória no Pensamento!

Jornada muito importante para as nossas aspirações na Liga dos Campeões.

Quer em Munique, quer em Moscovo, joga-se o futuro do Sporting na competição. Em Munique só a vitória interessa, se queremos continuar a depender de nós própios. Em Moscovo, a derrota do Inter ou o empate seriam "Ouro sobre Verde"!

As condições estão reunidas para a vitória de logo à noite: grande equipa do Sporting e Bayern desfalcado (Lucio, Hargreaves, Podolski e Schweinsteiger não jogam, Van Bommel e Deisler, provavelmente também não - ou seja, metade da equipa titular do início da época).

Aposto na seguinte equipa para logo à noite: Ricardo, Caneira, Polga, Tonel, Tello, Veloso, Paredes, Moutinho, Yannick, Alecsandro e Liedson.

Esperamos que a sorte que tem andado a fugir de nós desde há quinze dias, regresse e brinde os Sportinguistas com mais 3 pontos.

A vitória e a qualificação estão ao nosso alcance!

Eu acredito!

Força Sporting!

segunda-feira, outubro 30, 2006

Compromisso: não desistir

O Tomaz Morais (que até colabora com o Sporting, sendo responsável pela formação dos «altos quadros» nas áreas de liderança, motivação, comunicação e condução de equipas) que me perdoe ter-lhe roubado o título do seu livro recentemente editado, mas parece-me que o mesmo sintetiza o mote que deve orientar o Sporting nos próximo tempos, se possível, sempre: não desistir.
Trata-se afinal de uma máxima do desporto em geral a qual se aplica na perfeição às presentes circunstâncias. Quando se avizinham jogos (Bayern, Inter) em que a abnegação, o querer, a ambição e mesmo alguma transcendência serão fundamentais, pede-se aos jogadores que nunca desistam. Já provámos que nos batemos com adversários deste calibre, agora cabe provar que não foi um acaso.
No futebol de hoje, feliz ou infelizmente, já não há jogadores que ganhem jogos sozinhos (salvo raríssimas excepções). Ora, se assim é, então os mais fortes colectivamente viram aumentadas as suas possibilidades de ascensão e glória. O caso do Porto de Mourinho é paradigmático.
Por outro lado, transpiração só não chega. É necessário algo mais. O golpe de asa, o talento, a inspiração são igualmente essenciais. Adicionando alguma sorte e MUITA concentração, então está feita a receita da vitória.
A nós, adeptos, compete-nos acreditar, almejar, sonhar e, sobretudo, não desistir.
Independentemente dos resultados, eu comprometo-me: não vou desistir!

Receio

Estamos a atravessar uma fase complicada.

As vitórias não surgem, os golos sofridos aumentam e não há no horizonte jogos fáceis passíveis de catapultar um novo ciclo de vitórias e confiança.

Terça-Feira, Bayern, e Sábado, Braga, poderão transformar esta semana numa autentica besta negra para o Sporting.

Não que eu não acredite na capacidade do Sporting, quer ao nível da equipa técnica, quer ao nível dos seus jogadores.

Contudo, há que ser realista e temer o pior...Já vi este filme muitas vezes e tenho receio que esta seja uma reposição ao melhor estilo da RTP Memória...

A defesa parece ser, nesta fase, o nosso calcanhar de aquiles. Falhas de concentração ditaram os golos do Porto e do Beira-Mar, em fases do jogo em que o Sporting dominava claramente as operações. Está provado que não temos uma equipa que possa jogar deliberadamente ao ataque. Polga intriga-me: ora faz exibições portentosas, ora falha escandalosamente nos momentos de maior aperto.

Esperamos que já contra o Bayern o Sporting consiga superar as suas fragilidades e conquiste uma vitória histórica. A acontecer, a vitória afastaria os receios que assombram os sportinguistas e criaria uma nova vaga de confiança em torno desta equipa que precisa urgentemente de reencontrar o rumo do sucesso.

sexta-feira, outubro 27, 2006

Rivais

Até à data, ainda não me tinha debruçado sobre os nossos dois grandes rivais, pois, como é natural, as minhas atenções têm estado mais centradas nos jogos do clube do meu coração.
Tal não significa, contudo, que esteja desatento. Assim, em vésperas de novo clássico, e poucas horas antes do Sporting jogar em Aveiro, onde voltaremos a encontrar a Jardel, permito-me fazer algumas observações sobre os nossos principais adversários.
FCPorto
Bom guarda-redes (ainda que não o considere a sétima maravilha do mundo), defesa nem sempre muito convicente, mas onde pontifica Pepe, meio-campo forte quando em forma (o que não acontece neste momento), ataque com diversas soluções, mas com a falta de um verdadeiro matador. A figura maior é o miúdo Anderson, sendo que Quaresma e Lucho já provaram ser dois jogadores extra.
Embora ainda se encontre em processo de assimilação das ideias de Jesualdo, é sempre uma equipa forte. Falta-lhe, porém, algo que reputo de fundamental. Não há referências do clube. O único solitário chama-se Vitor Baía, claramente em decadência.
Benfica
Guarda-redes mediano, defesa com boas qualidades, meio-campo muito descompensado, embora com jogadores valorosos, ataque com múltiplas opções, embora, como o FC Porto, sem um verdadeiro matador....A estrela continua a ser Simão, sendo que Rui Costa tem um valor simbólico bem mais alto do que as suas actuais condições futebolísticas.
Ao falar no Benfica, não posso evitar falar no Engenheiro. É esforçado e trabalhador. Mas confesso que não sou seu fã, longe disso. Espero que continue por muitos anos...
Jogo de sábado
Aposto claramente no FCPorto, se bem que a inexperiência da sua equipa possa pesar alguma coisa. Não obstante, o factor casa e o sangue na guelra da juventude irão prevalecer sobre a vitimização e dramatização em que os diabos são especialistas.
Se assim não for, que empatem.
P.S. Logo espero ter o prazer de assistir a mais um recital de Liedson no seu jogo 100 no campeonato. Não esqueço as sua qualidades excepcionais e as alegrias que me deu. Só falta mesmo dar-nos um campeonato, como Jardel há uns anos.

Aviso a Paulo Baptista

Inácio disse que "pagava para vencer este jogo".

Atenção, Senhor Paulo Baptista: Inácio estava a falar em sentido figurado....

quarta-feira, outubro 25, 2006

Paulo Bento

Após ter lido a entrevista que deu ao jornal o Jogo, fiquei ainda mais convencido de que Paulo Bento é um grande líder e espero que fique no Sporting por muitos e bons anos.

Paulo Bento defendeu o grupo de trabalho, a sua táctica e Liedson: Elogiou o ambiente do balneário, a qualidade dos jogares e a sua sede de conquista. Assumiu o 4-4-2 como a sua dama, afirmando que com os jogadores que possui é a táctica que melhor exponencia o futebol do Sporting e não inventa: a táctica não tem de ser transformada, mas sim aprimorada. Protegeu, ainda, Liedson, que foi durante algum tempo mal amado. É um grande jogador que se portou mal no passado, mas que foi reabilitado. Os golos? vão aparecer com naturalidade.

Elogiou a estrutura do Sporting, Moutinho, Polga e Pedro Barbosa: "No Sporting, a mística vê-se por acções e atitudes". Afirmou que Moutinho é um jogador de carácter, regular e influente, dizendo, assim, aos outros jovens do plantel que aquele é o exemplo a seguir. Referiu que Polga está numa fase fantástica, motivando ainda mais um jogador que já viveu momentos menos bons. De Pedro Barbosa, que é uma referência para os mais jovens e influente no balneário.

Abriu a porta a outro grande profissional, Rui Jorge. É, de facto, conforme disse Paulo Bento, uma pessoa inteligente, competente, e com muito know how. Transmitiu, com isto, aos dirigentes a ideia de que será um desperdício não se aproveitar este antigo jogador leonino que se identifica com o Sporting.

No entanto, Paulo Bento não se coibiu de mandar recados a Nani e à sua precocidade, a Carlos Martins e à sua e tardia afirmação. Puxa as orelhas, mas indica qual o caminho que estes jovens devem seguir se quiserem estar, efectivamente, no topo.

Crítica, ainda, os árbitros e a sua falta de transparência. Mas aponta uma medida que pode melhorar a arbitragem: divulgação dos relatórios. Com efeito, ao escudarem-se sob o secretismo dos relatórios, os árbitros podem actuar de forma menos imparcial e suspeita.

Comentou, ainda, individualmente todos os outros jogadores do Sporting, reconhecendo a todos qualidades e vontade de vencer. Não deu aso, assim, a conflitos internos e a eventuais ciúmes que poderiam decorrer desta entrevista.

No fundo, qual mestre de acupunctura, tocou em todos os pontos essenciais para vitalizar, proteger e motivar a equipa.

Inteligente, Exigente, Rigoroso, Humano, Crítico. Tudo adjectivos que constituem o grande carácter de Paulo Bento.

Temos mister!

segunda-feira, outubro 23, 2006

Discursos

A propósito do clássico de ontem, e tendo em conta a velha máxima de José Mourinho de que o jogo se inicia na conferência de imprensa de antevisão e apenas termina no final da conferência de imprensa de apreciação do jogo, verifiquei o seguinte:

Tratando-se de treinadores de gerações distintas e com concepções e estilos de jogo nem sempre coincidentes, Jesualdo Ferreira e Paulo Bento distanciaram-se em especial no discurso.

Antes do jogo:

Um, apresentou um discurso aparentemente sereno, confiante, organizado, no sentido da valorização do colectivo em detrimento do indivíduo (vide lesão de Anderson).

Outro foi mais incisivo, mais arrojado, mais agressivo, no bom sentido. Sem subterfúgios (derrota com o Bayern, menos tempo de recuperação), sem hesitações, dirigiu todas as atenções para um só objectivo: ganhar, sempre.

Após o jogo:

Um transpareceu satisfação e alívio, não conseguiu esconder que acabou por ser um bom resultado, embora, dizendo que, naquela casa o empate é sempre um resultado ?magro?. Sem chama, sem energia, sem força. O espelho do que é como treinador e, presumivelmente, como pessoa. Não cabe aqui criticar Jesualdo, cabe sim realçar que os adeptos portistas não se revêem neste tipo de discurso, neste tipo de treinador, neste tipo de pessoa. Quem pode esquecer figuras tão marcantes como António Oliveira, Octávio Machado ou José Mourinho, os quais, cada um à sua maneira, faziam da guerrilha constante e do conflito permanente uma das armas do FCP? Como se percebe, não se questiona a competência técnica de Jesualdo Ferreira, mas será que um treinador com o seu perfil terá algum futuro no clube, pelo menos enquanto Pinto da Costa se mantiver na presidência? Tenho as minhas dúvidas.

Por seu lado, Paulo Bento foi fiel às suas características: directo, frontal, concreto, objectivo. Foi um mau resultado, ponto final. Fomos superiores, dominámos quase todo o tempo, como contra o Bayern, mas voltámos a perder pontos. Trata-se, pois, de um pensamento linear, facilmente apreensível. A mensagem está lá estampada: o caminho é este, falta agora maior eficácia na finalização. Quando foi preciso, foi irónico (arbitragem habilidosa de Pedro Poença e de um dos seus auxiliares), quando foi preciso, defendeu intransigentemente a sua dama (Liedson é intocável, lembrando um pouco a defesa de Mourinho em relação a Shevchenko no Chelsea).

Os menos teóricos nestas coisas do futebol dir-me-ão que são aspectos laterais, que quem decide os jogos são os jogadores, que o que interessa são os golos, podendo mesmo apontar-me múltiplos exemplos em que treinadores da escola de Jesualdo foram vencedores. Aceito tal perspectiva.

Contudo, tenho o direito de preferir ter alguém à frente da minha equipa que me inspire confiança, que me motive, que, por vezes, exprima as minhas revoltas e as minhas desilusões, alguém que viva o futebol com paixão, sem deixar que a mesma lhe retire o discernimento para saber tomar decisões correctas. No fundo, alguém com quem me identifique.

Podia citar outros treinadores, mas com Paulo Bento eu identifico-me, pelo menos com o seu discurso.

Empate Amargo

Do jogo de ontem à noite, destaca-se uma boa exibição do Sporting, a ausência da estrelinha da sorte e um árbitro tendencioso.

O Sporting apresentou, face ao jogo de quarta-feira, um sistema de jogo mais cauteloso. Paulo Bento, a meu ver, bem, procurou reforçar o meio-campo, tendo em conta o desgaste que a equipa sofreu contra o Bayern.

Assim, foi com naturalidade que Custódio apareceu no onze titular à frente da defesa, abdicando-se de Veloso, com características mais ofensivas.

Não obstante, a entrada de Yannick no onze injectou velocidade, criatividade e irreverência no ataque.

Os primeiros 15 minutos, como é, de resto, habitual no Sporting, foram de intensa pressão sobre a equipa do Porto. Contudo, salvo um cabeceamento de Paredes, aos 5 minutos de jogo, para grande defesa de Helton, este período foi virgem em oportunidades flagrantes de golo.

Houve depois um período de 10 minutos, em que o Porto equilibrou e, mercê de algum desnorte da asa esquerda da defesa - Tello atrás e Nani à frente - chegou a assustar através de um pontapé de Quaresma. No entanto, esta terá sido a única oportunidade do Porto em toda a primeira parte.

Ainda assim, era o Sporting que criava melhores situações de ataque. Liedson, aos 19 m, e Yannick, aos 35 m, estiveram perto do golo, até que, aos 43 minutos, Nani encontra Yannick na área, e este, qual matador, abre o activo. Foi o delírio.

O intervalo fez mal ao Sporting. Logo a abrir, a defesa, adormecida, facilitou, primeiro por Tello, a não aliviar convenientemente, depois por Polga, a não conseguir cortar de cabeça, e por fim Ricardo, qual bailarino da Gulbenkien, a colocar a bola no pé direito de quaresma.

A equipa não pode ter falhas de concentração destas. Muito menos logo depois do intervalo, em que o adversário vem com todas as ganas do balneário para mudar a situação desfavorável.

Daqui até ao fim do jogo, o Sporting reduziu o Porto à sua defensiva, chegou diversas vezes com perigo à área de Helton. O golo podia ter surgido, mas a desinspiração de Liedson e o azar, bola no poste, ditaram o 1-1, que, claramente, penaliza o Sporting.

O fcp deixou uma imagem pálida.

Um ponto frente ao Porto nunca é de desprezar, mas, em face do jogo jogado, fica a sensação de que este ponto é escasso.

Não obstante a cedência de 2 pontos em casa, fica a confirmação de uma equipa que quer lutar em todas as frentes e que, internamente, é superior ao fcp.

No final, palmas para Paulo Bento e para os nossos bravos miúdos!

quinta-feira, outubro 19, 2006

A nossa sina!

Pois é...o inevitável fado de que falava ontem ("Sentimento") voltou a fazer-se sentir no jogo contra o Bayern.

Contudo, ao contrário de outros tempos, o Sporting demonstrou um querer, garra e devoção assinaláveis, tendo lutado pela vitória até ao último minuto do jogo.

Paulo Bento colocou em campo uma equipa sem medo, cimentada num sistema de 4 defesas, com dois laterais agressivos (Caneira e Tello), um médio defensivo (Veloso), dois médios com características ofensivas (Moutinho e Carlos Martins), dois pontas de lança e um avançado de apoio a estes últimos (Nani). Ou seja, matematicamente, a estratégia de Paulo Bento era 60% atacante (0,5Caneira + 0,5Tello + 2Moutinho/Martins + 1Nani + 2Liedson/Alecasandro).

Abdicou-se, deste modo, de um lateral com características mais defensivas (Abel) e de um médio defensivo (Paredes). Noutros tempos, abdicar-se-ia mesmo, por ventura, de um ponta de lança, outorgando a equipa de uma maior consistência ao nível do meio campo.

Por esta última razão, talvez, o Sporting, nos últimos minutos da primeira parte, tenha andado um pouco à deriva, mercê da subida do Bayern e da notória desinspiração de Carlos Martins e Nani. O primeiro não acertou uma única marcação. O segundo, perdido em campo, não conseguia ter jogo e compensar defensivamente.

Como tal, os quatro defesas mais o Moutinho e o Veloso não deram para tanta organização alemã e o golo foi inevitável, conforme eu próprio havia vaticinado ao Visconde MGF minutos antes do malfadado acontecer.

A estes factores, aliou-se o facto de o Sporting ter optado por defender "à zona", preterindo a marcação individual às pedras chave do Bayern. Jogava-se assim no erro do adversário e na capacidade de recuperação de jogo a meio campo de Moutinho e Miguel Veloso.

Contudo, os alemães são muito poderosos na troca de bola e, durante cerca de 20 minutos, o Sporting esteve sempre no meio da peladinha que ia sendo protagonizada pelo meio campo e ataque do Bayern.

No entanto, não condeno minimamente a estratégia de Paulo Bento que procurou discutir a vitória com uma das mais poderosas formações do Mundo. Teve, conforme referi supra, azar no não habitual desacerto de Martins e na rara desinspiração de Nani, que não ajudaram defensivamente a equipa.

Com um sistema mais defensivo teríamos empatado? Não sabemos. Contudo, também não sabemos se, com um tal sistema, teríamos perdido por uma margem mais dilatada.

Preferi assim. Um Sporting a lutar de peito aberto com um colosso mundial e, na primeira meia hora da segunda parte, a sufocar o adversário.

Não conseguimos o empate por sorte do Bayern e azar nosso. Sorte que esperamos ter no próximo dia 31, às 19h45 (GMT), e azar que esperamos que o Inter tenha no mesmo dia, às 17h30 (GMT).

A verdade é que temos equipa, temos treinador e temos, sobretudo, um grande futuro, consigamos nós manter alguns dos miúdos mais uns anos em Alvalade.

Carta aberta a NMB

Em resposta ao comentário de NMB ao meu último post, infra segue carta aberta.

Caro NMB,

De facto, nós juristas temos a tradição de sermos cinzentões.

No entanto, quando despimos o fato, somos comuns mortais, com angustias, alegrias, tristezas, frustrações e outros tantos sentimentos que compõem a alma humana.

Neste blog, o PSN calculista, cinzentão e racional dá lugar a um sentimentalão que sofre pelo seu Sporting, na alegria e na tristeza, na vitória e na derrota.

Casei-me com este clube faz, no dia 3 de Janeiro de 2007, 27 anos e, à semelhança do que sucede com a minha querida Rita, só a morte nos separará!

Não sou Sportinguista porque vou às Assembleias Gerais analisar contas. Sou Sportinguista porque canto, grito, choro, rio, exalto e vivo o Sporting.

Caro NMB, despe o fato, limpa-te de preconceitos e sê poeta!

quarta-feira, outubro 18, 2006

Sentimento


Falta pouco mais de uma hora para o grande jogo e os nervos começam a tomar conta do corpo.

A adrenalina vai fervilhando à medida que vou olhando para o relógio e o ponteiro sobe mais uma casa. O cérebro já não consegue processar outra informação que não seja a equipa titular do Sporting, o ambiente que me espera no estádio e o apito para o início do jogo. O coração bate mais forte quão forte é a vontade de estar em Alvalade e as mãos começam a tremer movidas pela ansiedade que percorre as veias.

É assim que um leão se sente antes de um jogo que pode significar um passo de gigante para o sonho de uma grande carreira na Liga dos Campeões.

Às 19h45, já no estádio, os nervos estabilizam e a ansiedade dá lugar à vontade faminta de ver a bola transpor a linha de golo e a rede a balouçar.

Num qualquer outro momento, o sentimento que me invade a alma seria atenuado por um inevitável fado Sportinguista, onde a derrota era certa e a glória uma miragem. Mas hoje, Sporting de Paulo Bento, Polga, Tonel, Abel, Caneira, João Moutinho, Paredes, Nani, Alecsandro, Liedson, entre outros, eu acredito!

Força Sporting! Juntos conseguimos!

segunda-feira, outubro 16, 2006

Estrela 0 - Sporting 1

Mais uma vitória para o nosso Sporting, num jogo que não foi muito entusiasmante, mas que foi o suficiente para trazer os 3 pontos para Alvalade, continuar no topo da classificação, e discutir, já no próximo domingo, a liderança do campeonato com o FCP.

Lá estiveram os dois Viscondes, a apanhar uma molha à antiga, mas a não faltar com o seu apoio à equipa. E daqui sai um apelo aos Sportinguistas da zona de Lisboa: apoiem a equipa fora de casa, pelo menos nos jogos realizados nos arredores de Lisboa. Apesar de o estádio ter estado muito bem composto para uma tarde de chuva (4.000 quando a lotação é de 5.500), fizeram-se notar algumas clareiras no António Coimbra da Mota.

Paulo Bento optou neste jogo por rodar a equipa, entregando a titularidade a jogadores como Romagnoli, Ronny, Paredes e Bueno. O motivo da rotação prende-se, como é fácil de ver, com o jogo com o Bayern, importantíssimo para alimentar o nosso sonho de passarmos pela primeira vez a fase de grupos da Liga dos Campeões.

Apesar de não ter alterado a sua espinha dorsal (Polga, Moutinho, Nani e Liedson), o Sporting ressentiu-se da ausência de jogadores como Miguel Veloso, Djaló, Alecssandro e Caneira. Com efeito, pudemos constatar que o Roma estava muito preso, nervoso e trapalhão, o Ronny a falhar nas marcações e desastrado no ataque e o Bueno esforçado, mas com muito pouco a acrescentar à equipa.

O único que constituiu uma mais valia foi mesmo Paredes. E que grande jogador. Fantástico na recuperação de bola, não perde uma jogada nas alturas e excelente visão de jogo, para além de dotar o Sporting de um maior poder de choque no meio campo.

Inevitável terá sido, igualmente, o facto de alguns jogadores terem-se poupado para o jogo de quarta-feira.

A este conjunto de condicionantes, não ajudou a intensa chuva que se fez sentir durante todo o jogo.

Não obstante, o Sporting demostrou uma vontade e uma força anímica muito fortes, sendo a vitória um prémio justo para os 14 jogadores, cujo objectivo foi sempre o de alcançar a baliza estrelista.

Quanto ao árbitro, uma expulsão perdoada e um fora de jogo mal assinalado numa jogada em que o Liedson ficava frente a frente com Paulo Lopes.

Agora é recuperar os músculos e assimilar que quarta-feira a vitória está ao nosso alcance!

sexta-feira, outubro 13, 2006

Um bom exemplo

6 de Março de 2005. Um ano e 220 dias. O miúdo João Moutinho sentava-se no banco pela última vez. Daí ainda sairia, com 69 minutos de jogo já decorridos, para tentar ajudar o Sporting a recuperar a desvantagem criada pelo golo de Pelé, mas foi em vão. Os leões de José Peseiro naufragavam no Restelo (1-0) na 24ª jornada, caíam para trás dos líderes F.C, agora a três pontos, e do surpreendente Sp. Braga, a um.
Passaram 49 jogos da Liga sempre a titular: dez em 2004/05, 34 na última e os cinco da actual. Se Paulo Bento não lhe «estragar» a série, João Moutinho completará frente ao Estrela da Amadora o jogo 50. (in MaisFutebol).
Quando os tempos no futebol português são tempos agitados, quando o que recorrentemente se discute é as arbitragens e respectivas nomeações e classificações (muita vezes pertinentemente, é cert0), gostaria de focar um jogador do nosso Sporting que é, já hoje, um dos jogadores de referência não só no futebol português mas também no futebol internacional.
Olhando para o aspecto frazino e para a figura baixa, nada parece indicar que estamos perante um atleta de alta competição, que estamos perante um futebolista com características raras e preciosas.
Visão de jogo, técnica refinada, exímo controlo dos tempos de jogo, coragem para assumir o jogo, capacidade física inesgotável, maturidade invulgar ou espírito de liderança. Estas são algumas das qualidades que fazem de João Moutinho um caso sério do futebol actual. Como se diz agora, é o protótipo do futebolista moderno, um jogador que qualquer treinador não desdenharia ter na sua equipa.
Daí que feliz foi José Peseiro, e é actualmente Paulo Bento, por poderem contar com alguém com tamanha categoria e, sobretudo, carácter. Não é um jogador qualquer que chega à primeira equipa do Sporting e que se impõe com tal naturalidade que não se estranha o facto de ser, aos 20 anos, um dos seus capitães.
Por outro lado, é um bom exemplo para os mais jovens, para aqueles que um dia querem vir a ser futebolistas, nomeadamente aqueles que, apenas aparentemente, não possuem atributos físicos (em particular, altura) para singrar nesta carreira. Quem não se lembra de Maradona , Rui Barros ou João Vieira Pinto?
Não tenho a pretensão de comparar João Moutinho a qualquer um deles, nem o jogador precisa disso. Apenas pretendo exteriorizar a minha profunda admiração por um miúdo que, se a sorte o proteger, atingirá certamente o que poucos dotados lograram: ser um ídolo, mas no verdadeiro sentido do termo.

quinta-feira, outubro 12, 2006

Falta de Ambição

Portugal perdeu ontem à noite por 2-1 no reduto Polaco, em jogo de qualificação para a fase final do Euro 2008.

O resultado negativo, que pode afectar decisavamente as contas da qualificação, começou a ser desenhado antes mesmo do início do jogo.

Com efeito, quem leu as palavras de Luis Filipe Scolari ("LFS") na conferência de imprensa que antecedeu a partida, terá ficado com a ténue sensação de que Portugal não iria entrar no jogo para ganhar.

Salvo melhor interpretação, aquelas palavras demonstraram uma nítida falta de ambição que poderá ter influenciado o comportamento em campo dos jogadores Portugueses.

Na verdade, já não é a primeira vez que LFS refere antes dos jogos que "o empate será um bom resultado".

Confesso que essa afirmação não seria de todo despicienda, se o jogo for com a Itália, Inglaterra, Espanha, França ou Alemanha. No entanto, e por mais que eu tente, não consigo compreender quando é que um empate contra a Finlândia ou a Polónia, respectivamente 61.º e 35.º no ranking da FIFA (Portugal é 9.º), pode consubstanciar um bom resultado.

O discurso para dentro e para fora do balneário Português tem de ser sempre um discurso de vitória, sob pena de criar na mente dos jogadores Portugueses a ideia (errada) de que um jogo com a Finlândia ou Polónia é uma tarefa difícil, e na mente dos jogadores Finlandeses ou Polacos a ideia (igualmente errada) de que um jogo com Portugal poderá ser mais fácil do que inicialmente se poderia julgar.

Se, no Mundial da Alemanha, as cautelas de LFS serviam como xarope de humildade e antídoto contra o vedetismo, na qualificação para o Europeu de 2008, esse discurso pode ser desmotivador para os jogadores Portugueses e motivador para os jogadores das outras selecções.

Com efeito, há que perceber que o nosso grupo é constituído por equipas muito fracas. Portugal tinha com este grupo a obrigação de obter a qualificação, pelo menos, a 3 jornadas do fim. No entanto, e tendo em conta este tipo de discurso, o melhor é começarmos a preparar a velha máquina de calcular e a acender a velinha a Nossa Senhora.

Senhor LFS: Mais ambição precisa-se!

terça-feira, outubro 03, 2006

Espectáculo versus Eficácia

Quem tem acompanhado os últimos jogos do Sporting depara-se com uma evidente realidade: o Sporting ganha os jogos (quando os árbitros decidem não intervir), mas não proporciona grandes espectáculos de futebol.

Ontem à noite, frente ao Leiria, essa realidade ficou bem patente. O jogo teve períodos de grande tédio, mas, no final, a vitória, mais uma vez, sorriu-nos, não merecendo a mínima contestação (salvo certos e determinados palermas - vide post "O Choramingas", da autoria do Visconde MGF).

Os adeptos gostam, mas não ficam plenamente saciados, porquanto um dos grandes ingredientes da paixão pelo futebol é, sem dúvida, a sua beleza.

Se, enquanto adepto e sócio do Sporting, as vitórias são mais que suficientes para recompensar a minha devoção, enquanto amante do futebol confesso que gostaria de ver o Sporting apresentar um futebol mais bonito.

Podiamos entrar agora na velha discussão das tácticas e dos sistemas de jogo do Sporting, mas, a meu ver, o facto de o Sporting não produzir, de uma forma regular, um futebol aprazível, prende-se, sobretudo, com a filosofia que impera no balneário desde a chegada de Paulo Bento.

Com efeito, o Sporting tem, neste momento, uma equipa que joga com esforço e dedicação - à imagem da grande máxima - e que faz, em muito, lembrar o Sporting de Inácio que ia para dentro de campo "comer a relva" e "carregar o piano". A diferença está no facto de este Sporting ser mais jovem e muito mais talentoso e de Paulo Bento ser muito melhor treinador que Inácio. Não obstante as importantes diferenças, a filosofia que subjaz aos dois modelos de jogo é a mesma: dar tudo, privilegiando o colectivo sobre o individual.

Os bons resultados que têm surgido, desde que Paulo Bento tomou conta da equipa, revelam, sobretudo, uma extrema eficácia, reflexo de uma capacidade de sofrimento, paciência e frieza assinaláveis. Os bons resultados têm, ainda, um denominador comum: uma defesa sólida, praticamente impenetrável.

A verdade é que o tempo dos "anjinhos", equipa por todos elogiada, mas que perdia pontos infantilmente, acabou.

O Sporting é hoje em dia uma equipa séria, por vezes demasiado carrancuda, mas que tem um único objectivo em mente: a vitória. E quando estão em causa competições que envolvem, também, a solvência financeira dos clubes, a vitória não pode deixar de ser o único objectivo.

Por outro lado, os adeptos têm de perceber que para o Sporting se afirmar como grande clube internacional tem de cimentar a sua liderança a nível interno. La Palisse diria agora "e para cimentar a liderança é preciso ganhar". E Paulo Bento diz "ganhar, ainda que se abdique de alguma qualidade futebolística".

Na verdade, esta dicotomia não tem uma solução imediata. Com efeito, reconheço que, tendo em conta todas as condicionantes (e.g. orçamento reduzido, idade dos jogadores, quantidade de jogos efectuados), para ganhar de uma forma regular, o Sporting não pode, neste momento, apresentar, de uma forma, igualmente, regular, um futebol fantástico.

E perante esta dicotomia, e a ter de escolher, opto, sem hesitar, pelas vitórias.

A qualidade virá depois, de uma forma natural, com o sucesso desportivo, com a afirmação internacional e, necessariamente, com os milhões da Champions.

Assim, enquanto o Sporting for ganhando, eu digo, citando o nosso mister: "quem quer espectáculo que vá ao Alvaláxia!"

Domingos, "O Choramingas" (para os amigos)

«Condicionados por pormenores da arbitragem», acusa Domingos
Domingos, o jovem treinador da União de Leiria, não gostou da arbitragem de Carlos Xistra, no encontro desta noite em Alvalade, mas considera justa a vitória do Sporting.

«Jogarmos em Alvalade e levarmos dois amarelos logo aos 10 minutos de jogo condicionou-nos e é complicado. São coisas que não devem acontecer», começou por lamentar.«O jogo já era difícil para a União de Leiria, já que jogava no reduto de uma grande equipa como é o Sporting, mas pequenos pormenores da arbitragem condicionou-nos», acrescentou Domingos Paciência.

No meio de tanta desorientação e de tamanho descaramento, só me apetece dizer: paciência!!!!