Primeira Volta:jogador a jogador

Entrados na segunda volta do campeonato,gostaria de fazer uma análise jogador a jogador da equipa do Sporting (com excepção do Pereirinha,por escasso conhecimento).

Ricardo - Uma das épocas em Alvalade em que mais tem passado despercebido.Ora,com a nossa imprensa nada tendenciosa,é sinal que está a fazer uma boa época. Indiscutível.Renovar já!

Tiago: É o jogador mais antigo do plantel,mas nem por isso o mais precioso.Prometeu muito nos primeiros anos de carreira,mas hoje em dia,como nos últimos 6,7 anos,é apenas mais um,quando não é menos um (Taça de Portugal de há dois anos contra o Benfica,lembram-se?).

Rui Patrício: Tem tudo para ser um óptimo guarda-redes. Exibição memorável no dia de estreia na Madeira.

Abel: Para mim, um dos grandes mistérios da gestão de Paulo Bento.De um momento para o outro,passou de titular a suplente e não convocado.Quando voltou a entrar,nunca mais foi o mesmo.Em boa forma,parece-me melhor que Caneira na posição de defesa-direito.

Miguel Garcia: Estagnou na sua evolução.Desde cedo,percebeu-se que nunca seria excelente,mas com o passar do tempo,as carências acentuaram-se e as virtudes despareceram.Candidato a sair no final da época.

Caneira: Indispensável.Em qualquer posição,encarna o verdadeiro espírito de um jogador de equipa.Líder nato,excelente defesa. Com ele ficamos sempre mais fortes.

Polga: Outra época para recordar. Colocação,capacidade de corte,passes bem medidos,grande condição física. Tem sido um profissional exemplar depois do incidente das férias de Natal de 2005.

Tonel: Forma com Polga uma dupla de aço no sector mais forte da equipa.Fisicamente forte,insuperável no jogo aéreo,precioso nas bolas paradas.Competitivo e sério.Um leão!

Ronny: Boa capacidade de remate e grande margem de progressão.Presentemente, defende mal e revela alguma lentidão.Bem adaptado e rotinado pode dar um bom jogador.

Tello: Melhor época desde que chegou a Alvalade. Bom pé esquerdo,condição física em alta,até na defesa tem revelado qualidades.A(falta de)concentração é uma das suas lacunas.

Veloso:Não é surpresa para mim a excelente época que está a protagonizar.Na defesa ou no meio-campo é um jogador sempre em alto rendimento.Se Paulo Bento não o coloca mais vezes,lá terá as suas razões. Aposta claramente ganha.

Custódio: Outro jogador que parou no tempo. São indiscutíveis as suas qualidades defensivas e no jogo aéreo.Mas a um trinco completo exige-se bastante mais: mais concentração, mais ambição, mais atrevimento,mais risco.Além disso,não me parece que tenha perfil para capitão. Ou arrepia caminho,ou vai ficar pelo caminho,mais tarde ou mais cedo....

Farnerud: Jogador tacticamente culto,bom poder de passe,visão de jogo assinalável.Joga pouco e quando joga,a sua discrição é excessiva.Parece ainda inadaptado ao futebol português e a Portugal.

Paredes: Jogador acima da média, mas que tem revelado fragilidades físicas preocupantes.Parece que ainda não "entrou" no clube.

João Alves: Inexistente. Até agora, não demonstrou qualquer qualidade para jogar a este nível.

João Moutinho: A alma da equipa.Faz tudo com serenidade (seguindo instruções do treinador),categoria e muita classe.Só lhe falta maior poder de remate para constar entre os melhores na sua posição.

Carlos Martins:Outro dos mistérios.Falta-lhe disciplina e preparação psicológica para ser um jogador a tempo inteiro.Para ele a bola não tem segredos."Só" falta pôr em prática tudo o que é capaz.

Nani: Um fora de série.Quando quer e está concentrado,é um jogador imparável.

Bueno: Esforçado e movimentado.Ao seu futebol falta alguma técnica,muita calma e escola de ponta de lança.

Alecsandro:Jogador interessante para jogar num outro sistema de jogo.Típico ponta de lança de área.Neste sistema o seu futebol sai muito prejudicado.

Djaló: Início de época prometedor.Rapidez,técnica e competitividade são atributos inequívocos.Falta-lhe alguma regularidade e maior índice de acerto de passe,o que é normal na sua posição e com a sua idade.

Liedson:Não foi feliz no início,mas continuou a lutar até à exaustão.Ninguém me convence do contrário: a sua categoria ímpar permite-lhe ombrear com os melhores.

Marasmo

O mercado de Inverno serviria, conforme referi há uns posts atrás, para calibrar baterias, afinar sectores e, sobretudo, para transmitir ao balneário e aos sócios um sinal de que tudo seria feito para atacarmos o título.

Contudo, o que se regista nesta altura, a escassos dias do fecho do mercado, é um total marasmo, afastamento e inacção por parte da Direcção do Sporting. Não há reforços, nem há mensagens.

Olhamos para o lado e vemos o slb a apostar (Derlei e David Luiz já são certezas), o porto a apostar (Rentería é uma mais valia num plantel com uma grande qualidade) e olhamos para dentro e vemos o Sporting a nada fazer.

Nada fazer, não. Não estou a ser correcto. O Sporting dedicou-se no mercado de Inverno a renovar contratos. Ou seja, no fundo, a preparar a próxima época...E quando se aposta na próxima época, dá-se um claro sinal ao balneário e para os sócios de que este ano é para esquecer.

Soares Franco diz "não há dinheiro". E eu digo que a continuar assim, sem investimento, o Sporting não vai à Liga dos Campeões 2007/2008 e, então, aí sim, o Sporting não vai ter dinheiro nem para pagar salários.

A tudo isto, acresce o facto de que o preço das boxes está agora a saldo. Mais uma inteligente medida de marketing dos nossos dirigentes; para o ano, esperarei pacientemente pela segunda metade do campeonato para adquirir a minha box ao preço simbólico de 60 Euros, em vez dos 350 Euros que paguei no início da época. É um ultraje aos sócios fiéis e que nunca abandonam a equipa.

Estranhos dias 2

O jogo de ontem no Bessa é paradigmático do que é o Sporting na actualidade.Primeira parte demasiado expectante,muito temerosa, sem serenidade nem génio para criar perigo junto da área adversária. Segunda parte mais condizente com as virtudes deste Sporting: controlo quase total do jogo,defesa praticamente intransponível,razoável circulação de bola e bons fogachos de dois grandes jogadores: Liedson e Nani.

Empatou-se perante um Boavista algo diminuído em relação aos outros anos,com a colaboração de um árbitro habilidoso e com uma falha individual que se pagou caro.Apesar de tudo,e tendo como termo de comparação os últimos jogos,foi dos nossos jogos mais conseguidos num campo tradicionalmente difícil.

No final do jogo foi Paulo Bento que deu a cara,como sempre.Ainda que dizendo algumas banalidades (próprias do discurso futebolístico),Bento defendeu a equipa e os seus interesses futuros (1º,2ºou 3º lugar??) como pôde.

Pouco me importa a actual classificação (terceiro lugar: a seis pontos do Porto e um do Benfica), pois no fim é que se fazem as contas. Preocupa-me sim,o facto de não haver ninguém na direcção ou no departamento de futebol que dê a cara pela equipa,que lidere o balneário,que acompanhe e motive os jogadores,que fale para fora pressionando os adversários e elevando a auto-confiança da equipa e dos adeptos.Alguém que represente verdadeiramente a equipa.

Ora,salvo melhor opinião e salvo alguma declaração de última hora,o futebol do Sporting de hoje, em termos de comunicação social, é Paulo Bento e pouco mais (não me atrevo a comentar a entrevista de Soares Franco ao jornal o Jogo, pois Economia e Finanças não são a minha especialidade). Onde andam Miguel Ribeiro Telles, José Eduardo Bettencourt e, em especial, Carlos Freitas? Ao que parece,não parece ser a contratar jogadores (oxalá eu engula estas palavras...)....

Urge que ALGUÉM conduza o discurso do Sporting. Urge fazer a defesa de um grupo de trabalho que, com algumas fraquezas mas com muitas virtudes, merece ser realçado,merece ser destacado e, se for caso disso, merece ser elogiado.

É que se não houver alguém que pegue nesta equipa e neste treinador AGORA,não só a presente época mas também as seguintes poderão ficar comprometidas.

Embora nunca seja tarde para mudar,convinha (para nós sportinguistas,pelo menos) que houvesse uma mudança o mais rapidamente possível!

Estranhos dias

Estranho este último mês e meio nas nossas vidas.A ausência potencia o esquecimento,enquanto as derrotas e o mau futebol potenciam a descrença,a desmotivação,por vezes,a indiferença.

Chamem-me lírico,chamem-me ignorante,mas, para mim, embora o futebol seja um jogo em que as tácticas,a gestão e o profissionalismo (ou a falta dele) estão sempre presentes,em que a estratégia e a preparação se tornaram fundamentais para o sucesso,continua a ser - e sempre será - uma paixão.E quando penso em futebol,inevitavelmente penso no Sporting.

As paixões não se explicam,não se entendem.Vivem-se,aproveitam-se,sonham-se.

Ora,toda esta conversa, porquê?

Porque chegado a esta altura da época,sinto que a paixão não está a ser alimentada.E de ambas as partes. O Sporting deste ano não me alegra,não me contenta,não me satisfaz.Tanto no futebol jogado,como no não jogado.Reconheço como boa uma política assente nos jogadores da formação,mas não me revejo nas pessoas que conduzem essa política e não me revejo no futebol praticado pela equipa.

Uma coisa não se pode dissociar da outra. A qualidade do futebol decresceu porque também a qualidade das pessoas que gerem o Sporting também decresceu. Não falo de qualidade no sentido da competência e aptidão dessas pessoas,mas falo de perfil,falo de sintonia com os valores do clube,falo de harmonia com os adeptos,falo de carisma (neste caso,da falta dele). Falo,no fundo, da ausência de um projecto esclarecido e esclarecedor,da ausência de comunicação, do contacto permanente com os sócios.

Os resultados desportivos de um clube são sempre reflexo da sua organização e da capacidade desse mesmo clube saber gerir e dar a conhecer aos sócios e simpatizantes o que É o clube.

Devo dizer,em abono da verdade,que a situação actual do Sporting não é nova.Trata-se de uma situação que se acentuou nos últimos 15,20 anos e que os dois campeonatos ganhos no futebol conseguiram esconder.

Pode-se argumentar, e muito bem, com os inúmeros títulos ganhos nas diversas modalidades desportivas e na supremacia evidente que apresentamos no futebol junior.

Mas esses títulos, bem como qualquer outro título,não me fazem esquecer dos tempos em que havia uma identidade, em que embora desgostosos e inebriados pelos insucessos, os adeptos e sócios conseguiam detectar algo em comum, em que a relação entre as direcções, jogadores e adeptos era próxima,emotiva,quente.

Para mim,o futebol não é ir ver um jogo e no minuto seguinte do fim do jogo desligar o botão.Não é um mero entretenimento,uma maneira de passar o tempo ou,como sucede com muitos,uma maneira de ganhar dinheiro. Para fim, o futebol não são só os golos no fundo da baliza e as vitórias dentro das quatro linhas. Para mim, o futebol é uma parte essencial da vida. E quando a minha família - entenda-se Sporting e seus associados - não está bem,eu também não posso estar bem.

Melhores dias virão.....

Figo e o seu Sonho de Criança

Figo vai acabar a carreia na Arábia Saudita, no seu clube do coração - o Dólar.

Em jeito de homenagem, aqui fica um pequeno resumo da sua longa carreira:

Figo despertou para o futebol no Escudo, clube onde permaneceu até 1995, ano em que se transferiu para o Peseta de Espanha, depois de ter estado com um pé nos Italianos do Lira.

Tal era o seu amor pelo Peseta que no ano 2000 lhe atribuíram a alcunha de "o Peseteiro".

Em 2002, o Peseta alterou a sua denominação, e, em consequência, Figo passou a jogar no Euro.

Nos último anos, Figo resistiu aos convites dos colossos asiáticos Yén, do Japão, e Yuan, da China.

Porém, a voz do Dólar, vindo das Arábias, é demasiadamente irresistível.

Com efeito, apesar de arredado dos títulos há já alguns anos - em virtude da constância exibicional do Euro - o Dólar sempre fascinou Figo. Desde criança que sonha representar este histórico mundial, tendo inclusivamente revelado que, na sua juventude, tinha no seu quarto um poster de Benjamin Franklin, camisa número 100 e maior jogador de sempre do Dólar.

E assim, conforme se esperava, Figo vai terminar de verde e branco!

Cumpra-se o sonho!

A encruzilhada

Vivem-se dias agitados no futebol português. Mesmo sem campeonato há mais de quinze dias(que suplício, o que nos valeu foi o futebol inglês, como sempre), e com a eliminatória da Taça de Portugal à porta, este nosso futebol à beira-mar plantado mantém os amantes deste desporto vivos,em constante alerta.Na verdade,tal verifica-se não só no futebol, mas em toda a sociedade portuguesa.De repente,desatou-se a disparar em todas as direcções,pessoas e instituições começaram a ser postas em causa, comportamentos começaram a ser examinados. A justiça parece (digo parece, porque tenho algumas dúvidas quanto a eventuais resultados práticas destas diligências)ter acordado!

Notícias da semana: João Pinto, afinal, terá recebido o dinheiro do prémio da transferência para o Sporting e terá mentido num primeiro depoimento; Nuno Assis foi suspenso por 1 ano e Luis Filipe Vieira ataca Laurentino Dias pelo seu "excessivo" empenho na condenação do jogador,empenho esse que, segundo o Presidente do Benfica não se tem verificado a propósito do processo "Apito Dourado".

Enquanto isto,nos clubes prepara-se a segunda parte da época. Sporting e Benfica não apresentam grandes novidades,embora no Sporting se deva salientar, com agrado,a promoção ao plantel principal de outro jovem formado nas suas escolas.Por seu lado, o FCPorto, sem grandes alaridos,contratou um (aparentemente) credenciado defesa-esquerdo e emagreceu o plantel através dos habituais empréstimos.

O que acontecerá até final deste mês de Janeiro?

Temo que o meu Sporting não consiga concretizar qualquer um dos negócios ainda na ordem do dia: empréstimo de Rochemback,venda de João Alves,rescisão com Romagnoli.Temo ainda que nos mantenhamos com um ataque demasiado débil em que Bueno é um elemento a menos.Temo, finalmente, que não se chegue a um acordo de renovação com Nani ou Veloso.

Temo,mas acredito que os nossos dirigentes estão atentos e que não quererão repetir alguns erros do passado,nomeadamente no que a renovações e a aquisições de qualidade duvidosa diz respeito. Acredito,sobretudo,na qualidade de grande parte dos jogadores que estão no plantel e na capacidade de Paulo Bento em retirar o máximo rendimento dos mesmos.Acredito na recuperação psicológica de Carlos Martins, ainda que pense que as concessões e perdões devem acabar.
O futebol nacional atravessa um período conturbado,o Sporting atravessa uma fase de vacas magríssimas. Cabe-nos a nós,como adeptos e associados, analisar o que se passa e tirar conclusões.
Quanto ao primeiro,aguardam-se resultados dos processos em curso e,em especial,decisões em conformidade.Quanto ao segundo,apesar de dependente e muito prejudicado por instituições e pessoas que constituem o primeiro, penso que com isenção das entidades competentes,com ajustes adequados no plantel,com muito trabalho, com uma maior capacidade para atrair os sócios e com a indispensável sorte,pode acabar a época em festa.É que nem sempre as influências e o dinheiro vencem.

Felizmente,por vezes, o futebol imita a vida e prega-nos algumas boas partidas.O imprevisível é muito mais apelativo e muito mais emocionante.Esperemos que assim seja ou, para os mais optimistas, que assim continue.