Estranhos dias
Estranho este último mês e meio nas nossas vidas.A ausência potencia o esquecimento,enquanto as derrotas e o mau futebol potenciam a descrença,a desmotivação,por vezes,a indiferença.
Chamem-me lírico,chamem-me ignorante,mas, para mim, embora o futebol seja um jogo em que as tácticas,a gestão e o profissionalismo (ou a falta dele) estão sempre presentes,em que a estratégia e a preparação se tornaram fundamentais para o sucesso,continua a ser - e sempre será - uma paixão.E quando penso em futebol,inevitavelmente penso no Sporting.
As paixões não se explicam,não se entendem.Vivem-se,aproveitam-se,sonham-se.
Ora,toda esta conversa, porquê?
Porque chegado a esta altura da época,sinto que a paixão não está a ser alimentada.E de ambas as partes. O Sporting deste ano não me alegra,não me contenta,não me satisfaz.Tanto no futebol jogado,como no não jogado.Reconheço como boa uma política assente nos jogadores da formação,mas não me revejo nas pessoas que conduzem essa política e não me revejo no futebol praticado pela equipa.
Uma coisa não se pode dissociar da outra. A qualidade do futebol decresceu porque também a qualidade das pessoas que gerem o Sporting também decresceu. Não falo de qualidade no sentido da competência e aptidão dessas pessoas,mas falo de perfil,falo de sintonia com os valores do clube,falo de harmonia com os adeptos,falo de carisma (neste caso,da falta dele). Falo,no fundo, da ausência de um projecto esclarecido e esclarecedor,da ausência de comunicação, do contacto permanente com os sócios.
Os resultados desportivos de um clube são sempre reflexo da sua organização e da capacidade desse mesmo clube saber gerir e dar a conhecer aos sócios e simpatizantes o que É o clube.
Devo dizer,em abono da verdade,que a situação actual do Sporting não é nova.Trata-se de uma situação que se acentuou nos últimos 15,20 anos e que os dois campeonatos ganhos no futebol conseguiram esconder.
Pode-se argumentar, e muito bem, com os inúmeros títulos ganhos nas diversas modalidades desportivas e na supremacia evidente que apresentamos no futebol junior.
Mas esses títulos, bem como qualquer outro título,não me fazem esquecer dos tempos em que havia uma identidade, em que embora desgostosos e inebriados pelos insucessos, os adeptos e sócios conseguiam detectar algo em comum, em que a relação entre as direcções, jogadores e adeptos era próxima,emotiva,quente.
Para mim,o futebol não é ir ver um jogo e no minuto seguinte do fim do jogo desligar o botão.Não é um mero entretenimento,uma maneira de passar o tempo ou,como sucede com muitos,uma maneira de ganhar dinheiro. Para fim, o futebol não são só os golos no fundo da baliza e as vitórias dentro das quatro linhas. Para mim, o futebol é uma parte essencial da vida. E quando a minha família - entenda-se Sporting e seus associados - não está bem,eu também não posso estar bem.
Melhores dias virão.....
1 Comments:
As boas práticas de gestão jogam - também elas - com isso.
Vou linkar este texto em comentário...
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