Não queria voltar às lides bloguistas com uma vitória,mas o destino assim o ditou.
O panorama futebolístico em Portugal, e em particular no Sporting, não é o mais agradável. Quando falo em panorama,não falo em vitórias,não falo em troféus (quaisquer que eles sejam),não falo em feitos históricos como o de ontem à noite.
Para mim,o panorama futebolístico está ligado ao bom ambiente: à estreita ligação entre clubes e adeptos, à estreita ligação entre clubes e clubes, à estreita ligação entre adeptos e adeptos,à estreita ligação entre clubes e organismos que organizam as organizações, à estreita ligação entre clubes,jogadores,adeptos e organismos. Há alturas em que o "ambiente" é bom, há outras em que é péssimo. Mas, desde que existo, não me lembro de um "ambiente" óptimo no futebol em geral, no futebol português, no Sporting.
Centrando a análise no Sporting, cá para nós, o Sporting NUNCA foi um clube com "ambiente" óptimo. Ora por péssimas gestões, ora por falta de títulos, ora por falta de qualidade dos jogadores, ora por incapacidades na política de comunicação, habituei-me a ver e a viver o Sporting como um clube inconstante, conturbado,imprevisível, diferente dos outros.
Só nós adeptos sportinguistas sentimos na pele o "fado" (mas também a alegria) de sermos de sermos deste clube. "Fado",porque nem sempre tivemos histórias felizes, porque nem sempre fomos felizes, porque nem sempre somos felizes. Alegria porque inexplicável e inolvidável.
Sejamos sinceros. Os últimos trinta anos em termos futebolísticos foram deprimentes. Prova disso são os escassos troféus ganhos e as pobres campanhas conseguidas na Europa. Prova disso foram as grandes equipas que tivémos, os grande treinadores, os grandes presidentes, mas as escassas vitórias.
Escassas porque a grandeza do Sporting exige mais, sempre mais. Deprimentes porque os adeptos do Sporting merecem mais, sempre mais.
O futebol não é uma ciência exacta. Se fosse, os famosos galácticos terias ganho tudo. Se fosse, os mais pobres e os mais fracos nunca ganhariam.
O futebol é trabalho de equipa, é esforço, é organização, é pragmatismo. É também beleza, emoção. É, sobretudo, golos, vitórias, títulos, alegrias.
O Sporting de Paulo Bento começou por ser uma equipa remediada, vinda de um período traumático com Peseiro. Paulo Bento soube reabilitar aqueles jogadores e formar uma verdadeira equipa com jogadores até aí desconhecidos. Nunca jogou um futebol espectacular, mas logrou sim uma recuperação espectacular que quase levou à vitória no campeonato 2006/2007.
O ano passado foi mau. Ponto final parágrafo. Apesar da Supertaça, apesar do 2º lugar, apesar da Taça de Portugal.
Este é o ano do tira teimas. Não se iludam. Com Paulo Bento o Sporting nunca jogará o futebol dos tempos de Robson, Queirós e outros. Porque os tempos são outros, os jogadores são outros, o treinador é outro, a direcção é outra.
Com Paulo Bento seremos sempre uma equipa pragmática, cínica mesmo. Será que podemos jogar melhor? Claro que sim. E Paulo Bento tem consciência disso. Será possível fazê-lo com Paulo Bento? Porque não?
As vitórias trazem confiança, a confiança potencia as qualidades de jogadores e treinadores, que, por sua vez, trazem as pessoas aos estádios. Se nenhum dos interlocutores se demitir das suas funções, estaremos mais perto da perfeição. Que não existe. Mas mesmo assim, estaremos mais perto.
Mas porque não com Paulo Bento e com esta equipa?
