OS VISCONDES

Reflectir o Sporting e a Nação à moda antiga

terça-feira, janeiro 22, 2008

Cultura Sporting

Estes tempos de sucessivos desaires e de bastante desnorte deviam servir para parar e reflectir sobre se é este o caminho que deve ser trilhado pelo Sporting.

Bem vistas as coisas, o modelo, a estrutura, o orçamento e os objectivos (os declarados) não mudaram, pelo menos desde que Paulo Bento passou a treinador principal.

Os objectivos são conhecidos: aposta na formação acima de tudo, contenção de despesas para reduzir o passivo, vencer as competições internas (ainda que um 2º lugar que dê acesso à Champions seja perfeitamente satisfatório) e honrar a camisola nas competições europeias.

O problema ou a crise surgem porque uma equipa tão jovem e com tão poucos recursos não pode ter capacidade para em três anos consecutivos lutar por todas as frentes.Não é realista, quase impossível. Infelizmente, nós adeptos andamos iludidos. Nem todos os anos surgem Nanis, nem todos os anos podemos contar com jogadores com a categoria e o estatuto que Caneira já adquiriu. Como os recursos são escassos,e os jogadores que fazem a diferença não abundam, a saída de um jogador fundamental (ou mais) fazem-se sentir. Por outras palavras, o Sporting não possui na sua equipa de futebol uma estrutura consolidada (como de resto o Porto tem) que permita a entrada e saída de jogadores sem perdas para o colectivo. Individualmente a equipa até pode perder,mas se os outros jogadores derem um bocado mais, independentemente da contratação de outro jogador,o colectivo sobrepõe-se e acaba por vencer. É o que se passa no Porto. Mourinho abandonou o Porto e já vão para o terceiro campeonato consecutivo...

No Porto existe algo que eu gostava que existisse no Sporting: cultura de clube. O clube,a equipa, o símbolo estão acima de todos e de qualquer um. Só fazendo renascer o orgulho de ser do Sporting, só fazendo um trabalho de mentalização no sentido de fazer entender os jogadores que a equipa é que é GRANDE, é que seremos capazes de manter as nossas jovens promessas por mais tempo, seremos capazes de atrair novos sócios, seremos capazes de gerar novas receitas, e, então, teremos maior capacidade financeira para investir.

10 Comments:

At 2:31 da tarde, Anonymous Anónimo said...

O grande problema é que a "verdadeira cultura de Clube" é totalmente incompativel com o Roquetismo!

O Roquetismo defende situações aberrantes, como: "esta coisa de ser a SAD a sustentar o Clube tem de acabar! Onde é que já se viu, no mercado de capitais,a empresa cotada emprestar sistemáticamente dinheiro ao seu accionista de referência (Clube)"?

Esta visão SADesca é que está a "rebentar" com a mistica leonina.

A SAD deve ser um mecanismo e uma "ferramenta" ao serviço do Clube, no sentido de o tornar mais transparente, equilibrado e rigoroso nas contas. Não pode funcionar como um clube paralelo, um contra-poder e uma "sangue-suga" do próprio Clube!

A SAD, por acaso, paga ao Clube pela utilização do emblema no peito dos seus "activos"? Claro que não!
É fácil "desviar" as receitas que seríam do Clube pelas sociedades - sporting património e marketing e SAD - e depois vir dizer que o Clube "não é viável"...

É urgente "repurificar" e "recentrar" o próprio Clube. A estrutura profissional tem de ser reduzida, o Conselho Directivo tem de ter pelouros bem definidos e tem de trabalhar!
O Sporting é um Clube desportivo, não é uma multinacional tipo Grundig!

Quem é que assume RESPONSABILIDADES pelo descalabro financeiro dos ultimos 10 anos??!!

 
At 5:29 da tarde, Blogger PSN said...

Caro anónimo,

Compreendo que a situação não é a ideal, mas não sei se existe uma solução melhor...

Os activos estão todos aolcados à SAD, o futebol é gerido pela SAD, pelo que o capital que sustenta o clube tem de vir, necessariamente, da SAD.

Infelizmente, os novos modelos ( obrigatórios) de gestão dos clubes de futebol têm esta vicissitude. Contudo, é uma situação que não vejo como contornar.

Quanto aos roquetistas, confesso que neste momento defendem um projecto anocrónico (mas que foi útil no passado). Mas julgo que os actuais dirigentes já abandonaram esse modelo.

O problema do Sporting, é falta de visão para o futebol. Um projecto global, integrado e impregnado com a cultura de que o meu co-bloger fala no seu post.

Falta perceber que o futebol é que comanda o orçamento e não ao contrário. Que sem investimento não há vitórias e sem vitórias não há dinheiro. Que o Sporting é um clube de futebol e não um consultório financeiro onde o objectivo é equilibrar contas.

Exemplo prático de investimento: pelo preço do Purovic, Pedro Silva e Tiuí, tínhamos mantido o Caneira na equipa. Em vez do Purovic, Linz.

Enquanto isto não for realizado e executado pelos nossos dirigentes, o Sporting nunca se afirmará como potência futebolística.

 
At 7:09 da tarde, Anonymous Anónimo said...

O modelo (SAD) é obrigatório?

Então o Real Madrid e o Barcelona?
Não têm SADs.

A SAD foi benéfica para o Clube?
Eu acho que não...os resultados desportivos e financeiros falam por si...

A SAD serve de "casulo" para Miguel Ribeiro Teles (sistemáticamente!) não dar a cara...

 
At 4:24 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Muito bom post. Parabéns MGF!

Não sou comentador assíduo da blogosfera leonina mas leio-a apaixonada e atentamente e devo dizer que apesar do extenuante escrutínio analítico efectuado aos demais vectores que vão mal no nosso SCP (Direcção, treinador, contratações, nível exibicional dos jogadores, política de comunicação, etc...), a categoria supra-ordenada que está na origem de todos os males é, pelo menos no meu entender, a sua cultura (ou “mística”, se quisermos).

Com efeito, aqueles vectores problemáticos decorrem de uma realidade organizacional à qual está inerente a cultura. Enquanto Psicólogo Social, do Trabalho e das Organizações, eu sei que os processos que implicam a participação coordenada de vários membros de uma organização ganham uma nova compreensão quando vistos através das lentes da cultura organizacional.

Vistas as coisas desta perspectiva, a perda de identidade cultural que se vem verificando no SCP há uns anos a esta parte assenta perfeitamente na explicação para o fenómeno de crise generalizada que se vive na “toca do leão”.

Objectivamente, a tomada de consciência do fenómeno cultural por parte dos gestores poderá ser preventiva dos problemas tradicionalmente definidos como falha de comunicação ou ausência de espírito de equipa, permitindo desenvolver novas formas de melhorar a gestão global do Sporting.

A cultura sportinguista deve ser entendida como um padrão de pressupostos básicos partilhados que foram aprendidos à medida que as sucessivas gerações foram resolvendo os seus problemas e crises de adaptação externa e de integração interna e que funcionou suficientemente bem para ser considerado válido. Consequentemente, esses pressupostos devem ser ensinados aos novos membros como a maneira correcta de perceber, pensar e sentir em relação ao Sporting e aos seus valores e artefactos. De resto, este processo de aculturação deverá aplicar-se a qualquer Recurso Humano ao serviço do clube (dentro e fora do campo) e referir-se a pressupostos culturais que uma vez aceites e interiorizados pelo grupo, ganhem o estatuto de pressupostos inquestionáveis tornando a sua partilha estável e profunda, quase inconsciente (como acontece com os Tripeiros).

Acontece que a noção de cultura sportinguista partilhada pelos sócios e adeptos parece extinta dentro dos muros de Alvalade. E isso é deveras preocupante e supera qualquer outro tipo de análise supérflua que possa ser orientada para jogadores ou sistemas tácticos.

Saudações Leoninas!

 
At 9:52 da manhã, Blogger MGF said...

Caro Jmo,

Muito obrigado pelas suas palavras.Espero que a partir de agora seja uma visita constante do nosso blog e comente,por favor,sempre que achar adequado.Contribuições como as suas são sempre bem-vindas!
Saudações leoninas!

 
At 11:33 da manhã, Blogger PSN said...

Este comentário foi removido pelo autor.

 
At 11:34 da manhã, Blogger PSN said...

Caro anónimo,

A verdade é que antes das SADs os clubes não estavam financeiramente melhor...

Apesar de não ser um especialista na matéria, tenho ideia que com as SADs há maior transparência, rigor e disciplina financeira, que é tudo o que se quer.

Lembro-me que antes das SADs, as contas dos clubes estavam envoltas numa névoa sem controlo e à disposição das arbitrariedades dos dirigentes.

Lembro-me de negócios obscuros como o que Jorge Gonçalves fez com o Rickard, e que Cintra fez com a estátuta do leão, que seriam impossíveis com as SADs.

A bem do rigor e da transparência, sou favorável às SADs. Acho que o problema do Sporting não reside neste facto.

O problema é que rigor e transparência não significa ausência total de investimento que é aquilo a que assistimos no Sporting...

 
At 12:25 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Caro PSN,

Eu percebo o que quer dizer, mas virem dizer que "a SAD dá lucro e o Clube dá prejuízo" é que é para mim incompreensivel pois a SAD deve ser um vector e um instrumento do Clube.

Por outro lado, um dos problemas com o futebol do Sporting está relacionado com um acompanhamento deficiente por parte de Soares Franco e Ribeiro Teles em relação aos jogadores. Estes, deveriam e precisam de ser mais apoiados, de uma forma menos formal e esporádica e de uma forma mais próxima, mais familiar e mais intimista. Por vezes, ouvir palavras de incentivo no momento certo, ter um ombro amigo com quem se possa desabafar, dá uma motivação e uma força interior para superar as contrariedades, que podem fazer toda a diferença entre ganhar ou não ganhar.

Por isso, penso que pelo feitio, educação, maneira de ser, etc. esta cupula dirigente não tem o perfil de que o Sporting nessecitaria. óbviamente que, com isto, não estou a dizer mal de ninguem, estando, simplesmente, na minha modesta opinião, a identificar um dos problemas do Sporting actual.

Um distânciamento grande entre Presidente e jogadores, acompanhado de uma falta de familiaridade que faz com que os jogadores não se "transcendam" em campo.

Por exemplo: Liedson está actualmente separado da mulher e vive sozinho em Lisboa. Sofre imenso com saudades do filho - Lyanderson - e da familia. Soares Franco (no meu ponto de vista) já o podia ter convidado para jantar, para falarem da vida fora do futebol, dar-lhe concelhos com base na sua exeriência de vida, apoia-lo, "ser um ombro amigo", dar-lhe concelhos sobre a vida financeira, sobre investimentos, falar dele próprio, do seu divórcio, do que sentiu, enfim estreitar laços, ganhar familiaridade com o atleta. O Presidente deve ser próximo de todos os jogadores, dar-lhes apoio, moral, amizade, mas exigindo-lhes retorno, que deixem "a pele em campo" por ele e pelo Clube!

A grande diferença também se faz nos pequenos (grandes) detalhes.

 
At 2:56 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Anónimo:

Esse espírito de camaradagem, essêncial para um grupo de trabalho vencedor é totalmente incompativel com o estilo roquetista vigente.

 
At 4:34 da tarde, Blogger PSN said...

caro Anónimo,

Então estamos de acordo. O problema é de facto a inépcia da gestão desta Direcção do Sporting.

Não têm o feeling necessário para comandar os destinos de um clube que tem e só pode viver de títulos.

O exemplo que dá do liedson é paragdimático. Se, de facto, nada se fez para confortar o jogador, é uma vergonha com claro prejuízo para o Sporting...

Acredito que FSF esteja mais ocupado com as suas empresas do que propriamente com a equipa de futebol...E o problema é que as alternativas à sua ausência(Ribeiro Telles e Betencourt) começam a distanciar-se para o escrutínio que não deve estar longe...

 

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