A aposta nos jovens

Ontem foi mesmo o dia das entrevistas. Em tempo de futebol não jogado no mercado doméstico,os jornais multiplicam-se em entrevistas,umas mais interessantes que outras,umas com entrevistados mais interessantes que outros.

Ora,ontem o jornal O Jogo,além de nos brindar com uma entrevista ao grande Polga,também resolveu dar voz ao velho capitão do Porto, eterno número 2 dos Dragões. O autor de pérolas como "rematei com o pé que estava mais à mão",ou "o meu coração só tem uma cor,azul e branco", ou o famoso "prognósticos só no fim do jogo". As gaffes e as demonstrações de que a inteligência não abunda para aqueles lados só mais que muitas. Por isso pouparei os caros leitores de transcrever o sem número de parvoíces que tal personagem já disse.

Não obstante,ontem o referido personagem juntou ao citado rol, a seguinte afirmação, pretendo justificar a manifesta ausência de aposta na formação por parte do Porto: "Nos últimos vinte anos, foi muito mais fácil para as equipas que no Natal já estavam a dez, doze pontos, apostar nos jovens. O Porto, como venceu quase todos os campeonatos, não podia apostar tão facilmente na formação".

Da brilhante declaração retiram-se três conclusões: (i) apostar na formação e vencer campeonatos são situações incompatíveis; (ii) o Porto contribuiu muito pouco para o panorama actual em que Portugal é a 8ª equipa mundial do ranking da FIFA; (iii) escolas como as do Ajax e do Manchester United, que conseguem regularmente sucesso na formação e ganhar competições, são fenómenos extra-terrestres ou produtos da nossa imaginação.

Uma última dúvida que,subitamente,me assaltou: será que jogadores como Walter Paz, Mogrovejo,N'Tsunda,Esnaider ( a lista é infindável....) justificaram ocupar vagas de plantéis do Porto em que,presumivelmente,poderiam evoluir jovens portugueses com margem de progressão?

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