OS VISCONDES

Reflectir o Sporting e a Nação à moda antiga

quarta-feira, agosto 20, 2008

"Não sou dada a este tipo de competições"

Confesso que não sou um especialista na matéria e que não acompanho como queria as modalidades olímpicas em que este ano estamos a ser representados em Pequim.

Reconheço que um país como Portugal não será o ideal para proporcionar aos nossos atletas as melhores condições de preparação para tão importante e grandioso evento (vide o caso de Gustavo Lima na vela).

Admiro heróis como Carlos Lopes, Rosa Mota ou Fernanda Ribeiro que souberam vencer todas as adversidades e obstáculos e foram verdadeiros campeões.

Não consigo entender nem deixar de criticar os atletas (??) que, subsidiados por todos nós, foram a Pequim em excursão e não souberam honrar o nosso país.

Repugnam-me aqueles que não só foram maus profissionais, como demonstraram comportamentos eticamente reprováveis.

Não me merecem o mínimo de respeito aqueles que foram isto tudo e ainda tiveram o descaramento de gozar com os portugueses e a falta de carácter e educação para admitir o fracasso.

Nada que espante quem conheça a realidade de Portugal e do desporto português.

2 Comments:

At 5:37 da tarde, Blogger Visconde said...

Realmente os nossos atletas têm sabido exprimir as suas derrotas dando as desculpas mais esfarrapadas que existem. É tudo muito lindo de dizer, mas fazê-lo é que é mais complicado.
Com poucas ou muitas condições, não deixa de ser vergonhosa a actuação de alguns atletas, bem como as suas declarações.
E andamos nós a pagar para isto...

SL

 
At 12:16 da tarde, Blogger PSN said...

Quanto a este tema, acho que já vou tarde para fazer um post específico, mas não quero deixar de registar aqui a minha opinião.

A meu ver, mais do que a questão de mentalidade de que MGF fala, o problema da representação Portuguesa nos jogos olimpicos é, e sempre foi, um problema estrutural do país.

Portugal, apesar de ter condições humanas para fabricar campeões (país com 10 milhões de pessoas - mais 8 milhões que a Jamaica com 11 medalhas e com os mesmos habitantes da bielosrrusia com 19 medalhas), nunca soube fomentar verdadeiramente o desporto, com a excepção do futebol.

Com efeito, para além de uns quantos subsídios ridículos e de uns apoios institucionais, nunca houve em Portugal uma política governamental desportiva capaz de criar condições, motivar e chamar as pessoas para a prática desportiva de competição.

Desde logo, os equipamentos existentes são parcos e muitas das vezes insuficientes. Em Lisboa, lembro-me apenas do Jamor e do Estádio Universitário.

Tudo o resto está nas mãos de privados (clubes) que hoje em dia, olhando apenas para o lucro, investem quase exclusivamente no futebol. O próprio Sporting, cujo atletistmo foi sempre bandeira, vê-se hoje na contingência de não ter pista de atletismo.

Por seu turno, o desporto deve começar na escola, no âmbito da política educativa.

No entanto, o que observamos nas nossas escolas é a existência de uma cadeira de educação física sem quaisquer linhas programáticas.

No meu tempo,o professor dava-nos uma bola (futebol, andebol ou basquetbol) para as mãos e lá iamos nós...Não havia exame, não havia plano da cadeira e tudo se resumia a 3 ou quatro desportos.

Mais uma vez, as escolas com um plano desportivo são as privadas, que como bem sabemos estão apenas ao alcance de uma pequena minoria.

Acresce que inexistem em Portugal campanhas de sensibilização para a prática do desporto.

Tudo gravita à volta do futebol. As próprias honras aos vencedores são feitas em campos de futebol, nos momentos anteriores ao apito inicial de um qualquer jogo (veja-se o slb que honrará Nélson Évora e Vanessa Fernandes no domingo antes do jogo contra o fcp).

2 medalhas em jogos olímpicos é manifestamente pouco atenta a dimensão do país e o talento que já demonstrámos ter.

Por tudo isto, não se trata de uma questão de capacidade, nem de mentalidade, mas uma questão de condições.

 

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